por Fiona Becket
Quase metade da produção de vinho do Brasil é espumante, mas, os produtores do país também fazem vinhos encorpados e o tão conhecido Vinho do Inverno.
Dado o interesse atual em regiões produtoras de vinho menos familiares, é surpreendente que ninguém no Reino Unido estoque vinhos brasileiros. Bem, é surpreendente pra mim de qualquer maneira. Você deve achar – muito corretamente – que o Brasil é mais sobre café e cachaça; também, que vastas faixas do país são tropicais ou sub-tropicais e que não são boas para o cultivo da uva.
Dito isto, Brasil é vasto, e o Rio Grande do Sul, região ao sul, é o centro da indústria de vinho do país. Infelizmente, no último mês ela foi atingida por inundações devastadoras que deixaram mais de 1.5 milhões de pessoas desabrigadas, a maior parte da capital do estado, Porto Alegre, está submersa por água há semanas, o que destruiu no mínimo 250 hectares de videiras.Os produtores de vinho estão se acostumando aos eventos climáticos extremos dos últimos dias – geadas excepcionalmente tardias ( a Alemanha foi, particularmente, bastante afetada neste ano), granizo, calor, seca, queimadas florestais (que frequentemente afetam a Califórnia e o Chile, que também sofreu bastante no ano passado). Além disso, é fácil esquecer que uvas são uma safra, como qualquer outra cultura, então, tais eventos climáticos podem gerar efeitos catastróficos aos meios de subsistência.
Eu fui ao Brasil no último ano – com algum ceticismo, devo admitir – e fiquei impressionada em descobrir que quase metade da produção de vinho do país era espumante (tem a primeira denominação titulada do Novo Mundo, Altos de Pinto Bandeira). Brasil também produz tintos encorpados semelhantes aos dos seus vizinhos de fronteira, Argentina e Uruguai, embora, reconhecidamente menos consistentes e menos baratos.
Aparte disso, há também uma boa produção de vinho, inovadora, acontecendo no Brasil, incluindo alguns vinhos naturais e o tão conhecido Vinho de Inverno – isto é, vinhas que são induzidas a perderem suas folhas e brotarem novamente no Outono ao invés da Primavera, pois o Inverno no Brasil geralmente é mais seco que o Verão. Portanto, deve ser frustrante, para os produtores, que a maioria dos restaurantes e supermercados brasileiros ainda estejam cheios de garrafas do Chile e Argentina em suas prateleiras.
Aqui no Reino Unido, apesar dos esforços do principal importador Go Brazil Wines and Spirits, é muito mais provável que você encontre uma garrafa de cachaça devido a popularidade do coquetel, exclusivo do país, a caipirinha, do que um de seus vinhos. Tal como acontece com a Tequila e o Mezcal, do qual escrevi há algumas semanas atrás, prefiro o Estilo Prata, que é mais expressivo em base de ingredientes, neste caso a cana de açúcar (cachaça é basicamente um rum). E, no caso do Mezcal, há versões artesanais interessantes como o Yaguara na escolha de hoje.
Embora eu espere que você esteja disposto a dar uma ajuda aos produtores de vinho do Brasil, estou consciente que seus vinhos são caros, então, eu também mencionarei uma opção chilena esta semana: é uma nova adição à linha Irresistible da Co-op , um generoso e ousado Carignan (14%) de Maule, uma das melhores regiões para esta uva, que por 8£ é um “roubo”.
Um gostinho do Brasil
Don Guerino “Cemento” Red Blend 2022.
£ 15.99, Go Brazil, 14%. Cemento pode não ser um nome tão elegante para um vinho, mas é uma mistura saborosa e deslumbrante de Cabernet Franc, Malbec e Tannat. Ótimo para beber num churrasco.
Garibaldi Astral.
£ 22.99, Go Brazil, 11%. Um espumante totalmente distinto, e não apenas porque vem do Brasil. Sabor rico, com um toque leve de tangerina, e biodinâmico – beber acompanhado com Pão de Queijo.
Abelha Silver Organic Cachaça.
£ 22.99, Amazon, £ 29.99,Master of Malt, 39%. Cachaça boa de estréia e perfeita para caipirinha.
Cachaça Yaguara Still Strength.
£ 31.75, The Whisky Exchange, £ 32.59, Master of Malt, 48%. Forte, doce, apimentada e levemente herbácea – um verdadeiro espírito artesanal. Com um rótulo legal também.
Artigo traduzido do site The Guardian
https://www.theguardian.com/food/article/2024/jun/07/why-is-brazilian-wine-so-overlooked-fiona-beckett
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